fffluxus
‘Não é nada que se diga com um nome’
digital, 2024
brv#52
Instrumentação, produção, captação, mix: Mayara Menezes
Instrumentos utilizados: cello digital, violino microfonado, piano em linha, sintetizadores digitais (órgão, pads, etc) e analógicos (korg monotron, m1), pratos de bateria + arco, captação ambiente
Master: Thaís Gui
Capa: Júlia Moreira
Lançado por Brava Edições no Outono de 2024
Agradecimentos: Antônio, Diego Uchôa, Flávia, Márcio, Igor, Mateus Alves, Tato Lima, Angela Novaes, Thelmo Cristovam, e essa pequena grande equipe.
Fotos: Hannah C.
Não é nada que se diga com um nome
O que acontece quando fechamos os olhos? “Não é nada que se diga com um nome”, o novo álbum de fffluxus (Mayara Menezes), responde com uma corda em que nos agarramos para mergulhar, com um pouco de fé, a fossa abissal das sensações.
Há escutas que nos aterram através de uma viagem pelos nervos abraçados à coluna vertebral e fazem ressoar as Preguiças Gigantes, as Águas Vivas, as Trilobitas, que habitam a profunda memória celular.
Como se tudo se fizesse paisagem dentro de paisagem, a gravidade dos sons contínuos evoca o ritmo das Eras entrelaçadas – ouvidos adentro – até tocarmos a imagem da Grande Explosão onde o ruído é a vastidão do silêncio.
Daí, flutuarmos, como a lenta trajetória dos estilhaços, nos reconhecendo a chuva de meteoritos, o colapso da atmosfera primitiva, a invenção microbiótica, os céus, os mares, os solos, a vida e a morte das plantas e dos animais. E contemplarmos o nascimento das emoções e, então, do mamífero-amor após o fim do mundo Cretáceo.
Cada som vibra e libera as tensões das Eras, pois a atmosfera lembra, a água lembra, a rocha lembra, as superfícies ressoam: cada música desencouraça a memória da Terra.
E, de repente, despertarmos, sujeitos neste mundo, com a escuta da ferida viva, mas já sem o medo.
Por Caio Lima