Bruno Trchmnn ‘Cão Dia, Cão Noite’

Bruno Trchmnn 'Cão Dia, Cão Noite' digital+cassete, 2021 brv#25




Bruno Trchmnn ‘Cão Dia, Cão Noite’
digital+cassete, 2021
brv#25

Cão Dia, Cão Noite
(duas guitarras em cima de dois amplificadores, 1 prato de metal em cima de uma guitarra em cima de um amplificador, 3 pratos de bronze em cima de uma mesa de pedra*, rabeca, flauta bawu, 2 segundos de “Music from Thailand: Field Recordings by Deben Bhattacharya, 1973”, rabeca, 3 segundos de “Terezinha, Oiveria, Aloisio Bento, Petrucio de Lima – Mestra Terezina (Baianas)”, rabeca, rabeca, rabeca.)

Enxada
(beira do rio mogi bairro do matão pirassununga-sp, baixo, guitarra, rabeca, cachorros na casa do sol, cachorros na casa do sol, cachorros na casa do sol, cachorros na casa do sol, flauta bawu, flauta bawu, guitarra, baixo)

Duas Canoas
(banjo qinqin, banjo qinqin)


*Em 2017 pude participar de uma residência artística na Casa do Sol em Campinas-SP, a casa da poeta Hilda Hilst. A mesa de pedra fica no seu jardim. Os cachorros que aparecem nessas gravações também são da Casa do Sol.

Composições, baixo, guitarra, rabeca, flauta bawu, banjo qinqin, pratos, gravações de campo, samples por Bruno Trchmnn
Gravado e produzido por Bruno Trchmnn entre 2017 e 2021
Masterizado por Igor Souza no Estúdio Mitra /SP
Colagens por Bruno Trchmnn
Lançado por Brava Edições e Bruno Trchmnn na Primavera de 2021



Cão Dia, Cão Noite

Cão Dia, Cão Noite é um disco de mochila, gravado com um pequeno Zoom H6, em diversas épocas e lugares diferentes, entre 2017 e 2021. É um disco de mochila porque foi construído aos poucos, com os sons que dava pra carregar nas costas, como quem tenta trazer uma pilha de pedras de um lugar ao outro, um pouco de cada vez, até erguer um abrigo. Conforme o trabalho foi indo, em um momento, foi necessário sair para encontrar esse ou aquele elemento específico, ou pegar esse ou aquele som que estava largado pelo chão da casa ou no fundo da bolsa.

Talvez essa seja uma forma enfeitada de dizer que esse disco é um trabalho de colagem. Gravações de campo, improvisos cotidianos, registros toscos, pequenos loops tirados de discos, um punhado de banalidades, daquilo que “deu pra fazer”. Talvez seja somente com o acúmulo desses recortes que dê pra construir algo, uma marca ou pequeno fogo. Empilhar coisas, materiais, é talvez uma das formas mais antigas de deixar marcas. Construímos muitas coisas empilhando tralhas. No poema “Perguntas de um trabalhador que lê” de Brecht, o trabalhador questiona “Quem construiu Tebas, a cidade das sete portas?/ Nos livros estão nomes de reis; /Os reis carregaram as pedras?”. São tralhas, pedras, sons, coisas que seguramos com as mãos, o peso material do dia-a-dia que erguem marcas. E não os nomes mágicos, a música das esferas e o tempo circular do reis.

Eu me pergunto se esse tipo de trabalho de mochila é uma escolha ou uma necessidade. Certamente não é uma escolha de fato, é uma necessidade por limites de espaço, tempo e dinheiro. Mas é uma escolha enfrentar essas necessidades, assumir esses limites, bater de frente com as ideias, assumir o peso das coisas. São também os limites dos trabalhadores de Tebas, ontem e hoje.

_Bruno Trchmnn


 

Edição especial  limitada de cassetes, cada uma com uma colagem exclusiva de Bruno Trchmnn.

Bruno Trchmnn

Em seu trabalho solo explora construções baseadas em drone, improvisação e formas/estruturas da música popular de diversos lugares do mundo.

saiba +